Sunday, January 15, 2006

Mortos

Há os que nem dinheiro têm para o caixão muito menos para a notícia funerária. Mas ainda são muitos os que saem na necrologia, uma fonte certa de receita dos jornais. Depois temos os que não morrem anonimamente de vulgar doença ou percalço (como o atropelamento). Acontece morrerem de acidente editável. Normalmente não têm nome, o protagonismo vai para os factos, a sua descrição pormenorizada. Explica-se e tenta-se interpretar o acidente, captar-lhe a causa, rever a essência. O nome do morto é vítima, sinistrado, homem, mulher, criança, cadáver. Só os conhecidos têm morte nominada que dispensa a análise das suas causas. Esta salta logo para o curriculo, os depoimentos, as homenagens, o funeral.È peciso ser minimamente famoso para ter direito a epitáfio prévio.

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